Friday, March 16, 2007

Borat

Há quem goste muito e quem não consiga ver nada além de um festival de grosserias, mau gosto e piadas sexistas no filme "Borat". O filme é tratado como a sensação do momento em termos de humor e vem fazendo fortuna em bilheteria, a despeito do seu orçamento de R$ 18 milhões.
Há cenas engraçadas no falso documentário de um suposto repórter do Cazaquistão que viaja aos Estados Unidos para revelar os modos e os costumes dos americanos. Durante a estadia nos States, o repórter vê pela TV a modelo Pamela Anderson, por quem se apaixona. Daí por diante, ele convence seu produtor a mudar o destino das filmagens de Nova Yorque para a Califórnia, onde Pamela está.
Entre a apresentação de sua terra, no início, as filmagens na América, até o final de volta ao Cazaquistão, há todo tipo de bizarrice, piadas incômodas, constrangimento a entrevistados que não sabem que se trata de um falso documentário, um show de horror e escatologia.
Há um certo engenho num roteiro ágil que serve às piadas que se sucedem como em quadros de um humorístico de TV. O formato lembra documentários recentes e virulentos como "Tiros em Columbine" e "Super Size Me". Mas também lembra as turmas do "Pânico na TV" e "Casseta e Planeta".
As piadas são variadas, desde as mais idiotas e físicas (que prevalecem), às mais sutis e elaboradas. As piadas ridicularizam a América o tempo todo, atacando a guerra ao terror, a violência, os costumes, os modos e a gente. Os judeus são um dos alvos preferenciais. Uma constante é o ataque ao bom gosto e ao politicamente correto.
Poderia ser um filme melhor se não se afundasse no ridículo e no exagero e fizesse disso sua matéria prima. É uma produção corajosa porque se arrisca pelo caminho do incômodo e do asco que provoca, supostamente para fazer pensar.
Creio que a sutileza é mais forte que a exposição ao ridículo. Tem quem vibre com cenas de explícito desconforto. Tem quem goste e quem não goste. Um filme testando os limites do desconforto o tempo todo parece aquelas peças de teatro que submetem a platéia a suplícios em nome da arte. No fim soa mais desagradável que revolucionário. Borat não é revolucionário. É desagradável. Só.

Título original: Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan/ Direção: Larry Charles/ Elenco: Sacha Baron Cohen, Ken Davitian, Luenell.

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