Wednesday, January 31, 2007

Miami Vice

"Miami Vice" (2006) é o filme criado a partir da série de sucesso de mesmo nome dos anos 80. A direção nas mãos do Michael Mann indicou que o projeto não iria se converter pura e simples numa tentativa de fazer milhões de dólares. Mann divide opiniões, mas é de fato um cineasta com uma proposta estética. Ele tem apreço pelo cinema e se preocupa em oferecer ao espectador mais que tiros e perseguições.
Este "Miami Vice" é feito da costela do seu longa-metragem anterior, "Colateral" e não supera o seu antecessor. Nem chega a arranhar a pintura. Há uma abordagem semelhante porque tal e qual aquele é uma história envolvendo criminosos, há briga em uma boate lotada de gente bonita, a noite é o principal cenário dos acontecimentos, e a figura de Jamie Foxx reaparece - muito diferente, é verdade.
Dois tiras americanos de Miami (Foxx e Colin Farrell) se infiltram na quadrilha de um grande traficante internacional, cuja atuação tem ramificações em diferentes países da América do Sul, incluindo o Brasil. Para serem aceitos pelo grupo, os tiras precisam convencer os traficantes, em especial o braço direito do chefão, Isabella, vivida por Gong Li.
Os policiais são tão bem sucedidos que o personagem de Farrell vai além, envolvendo-se com Isabella. As coisas começam a desandar quando um dos traficantes alimenta uma desconfiança dos dois novatos que só piora com a competência da dupla. "Eles são muito bons, isso não é normal", diz, insinuando que possam ser agentes da polícia americana. As coisas pioram quando às desconfianças se juntam o ciúme desse traficante que descobre o envolvimento de Isabella.
Daí pra frente, o filme vai se aproximando do desfecho com risco para todos os envolvidos. Tudo só irá se deslindar num encontro para recuperar uma mercadoria desviada, que naturalmente vai render o momento de tiroteios sem fim e mortos a torto e a direito.
O trio de atores não está mal, mas Jamie Foxx mesmo em papel reduzido, consegue facilmente eclipsar o galã Farrell. Em algum momento se desenha na trama que o personagem de Farrell poderá se encontrar em conflito entre dois mundos. O da lei e o do crime. Poderia ser um bom caminho para se trilhar, o que poderia render maior densidade ao papel dos policiais e à própria pelicula. Mas essa angústia é só insinuada, logo se desanuviando o céu. O desfecho segue o caminho do convencional. Gong Li está ótima, assim como está muito bem o Luis Tosar, que interpreta o papel do poderoso traficante Jesus.
O filme caminha morno demais até decolar e começar a prender a atenção, mesmo com a abertura suntuosa e movimentada (que, como já dito, faz o link com o filme anterior de Mann; mas também serve para apresentar os heróis da trama).
As cenas de sexo pareceram gratuitas e absolutamente insípidas, quando não forçadas. A cena de Foxx com a bela namorada nua no banheiro é bonita de se ver, mas não parece acrescentar grande coisa à trama.
É um filme que respeita os seus momentos de silêncio e Mann parece explorar o silêncio dos personagens, que falam com reações sem necessariamente a palavra converter-se em indispensável. Há seqüências inteiras feitas de silêncio e são alguns dos melhores momentos do filme. É um filme com muitas qualidades, mas não empolga tanto quanto poderia. É um filme mais sombrio que propriamente divertido, e isso parece ter sido mais incapacidade do longa que uma intenção consciente do seu diretor.

Título original: Miami Vice/ Direção: Michael Mann/ Roteiro: Michael Mann, baseado em série de TV criada por Anthony Yerkovich/ Elenco: Colin Farrell, Jamie Foxx, Gong Li.

Tuesday, January 30, 2007

Mel Gibson

O pior de tudo sobre Mel Gibson não é eu estar me deixando levar pelas boas críticas que o filme "Apocalypto" está recebendo. O pior de tudo mesmo é eu estar repensando sobre o filme "A Paixão de Cristo", que não fui ver de propósito. Ok, devo dizer apenas que independente da personalidade Mel Gibson, tem filmes em que ele está envolvido e dos quais gosto bastante. O melhor deles é "Um Hotel de Um Milhão de Dólares", de Win Wenders. Gosto de "Coração valente", eu e mais a torcida do flamengo, gosto de "Mad Max" (o primeiro) e de "Maverick". Em menor medida, gosto dos filmes da série "Máquina Mortífera", "O Preço de um Resgate" e de "Teoria da Conspiração". Acho algumas declarações dele bem insuportáveis. Mas não quero ficar amigo dele, quero ver os filmes. Disse que não iria assistir "A Paixão de Cristo" quando foi lançado. Estou repensando essa decisão antes de encarar "Apocalypto", que já sei que tenho que ver.

Monday, January 29, 2007

Marcas da Violência (2005)


É engraçado como o simples é resultado de um complexo conjunto de variáveis. É resultado de experiência e amadurecimento. Menos é mais, costuma-se dizer. O filme "Marcas da Violência" ("A History Of Violence", 2005) parece isso, uma história simples porém poderosa cujas partes se desencadeiam umas das outras de forma "natural".
Um bom moço do interior, Tom Stall (papel de Viggo Mortensen), reage a criminosos que tentam assaltar o seu restaurante e acaba por matar os dois. A forma hábil como ele domina os adversários não chama tanta atenção quanto seu heroísmo. O resultado é que ele se torna um herói com direito a ampla cobertura da imprensa. O episódio e a popularidade atrai à pequena cidade um estranho senhor (Ed Harris) que diz conhecer Tom e que seu nome é Joey Cusack. E pior, quer levá-lo consigo a Philadélfia onde eles teriam contas a acertar.
Harris, com uma cicatriz no rosto, consegue transmitir o quanto sombrio pode ser esse ajuste de contas. A esta altura toda a família de Tom está asssutada com o que pode vir a ocorrer. O filme é relativamente curto, mas segue num crescente de tensão. Cronenberg não perde tempo com nada que lhe distraia o foco central. Assim vemos que Tom é querido na cidade, tem uma linda esposa (Maria Bello) que também é uma boa mãe de família, seu filho adolescente é um menino direito que consegue evitar problemas mesmo sendo constantemente provocado pelo valentão da escola. Tudo isso, claro, até o pai se tornar herói e o desconhecido aparecer.
Cronenberg mostra as coisas antes e depois (o sexo explorado no filme mostra duas facetas da transformação dos personagens e pontua com intensidade a crise em que a vida do casal mergulha). Fica claro que a violência deixa marcas e de uma certa forma está entranhada esperando a oportunidade de eclodir. Nesse quesito, uma observação interessante é que antes de mostrar o episódio em que Tom torna-se herói, Cronenberg apresenta os criminosos que ele vai enfrentar.
O filme inicia-se de forma impactante com os dois bandidos mostrando o quanto podem causar estrago. A entrada em cena de uma criança que não será poupada é parte da preparação do que está por vir. Tudo isso torna ainda mais forte e significativo o ato de Tom em defesa de sua funcionária e de seu estabelecimento. E mostra também que a violência está ao redor. É como se não houvesse para onde fugir, sem que se possa defrontá-la em algum momento.
Daí vamos para uma das camadas mais interessantes do filme de Cronenberg. Até onde pode, ele segura o segredo sobre a identidade de Tom, se ele afinal é ou não um homem de passado sanguinário. Quando isso nos é revelado enfim estamos numa das seqüências mais bem construídas do filme.
O esforço de Tom em viver de fato uma nova vida está evidenciado. Parece que o filme chega a este ponto. Ou seja, é a história de um homem que fez uma escolha e vai fazer o que for possível para preservar sua família. Tudo que Tom quer é deixar o passado enterrado. Mas como fazê-lo depois que os fantasmas daquele outro tempo voltam para aterrorizá-lo? Neste ponto, creio que é fácil que espectador e personagem vivam a mesma aflição. Porque pouco importa o que Tom/Joey pode ter feito no passado. O fato é que o personagem já conquistou a platéia e parece merecer justamente a nova vida que construiu. Não demora a se colocar a questão do duplo aqui e é outra camada de que é feito o filme. Todos nós podemos ser diferentes do que somos, é uma questão de escolha. O ator Viggo Mortensen encarna perfeitamente a dubiedade de seu personagem. Como acontece com Maria Bello que encarna perfeitamente a angústia de não saber quem é o marido e depois de ter que reaprender a viver com o novo Tom. Todo o elenco está muito bem neste longa, incluindo um atrapalhado William Hurt, em papel pequeno e marcante, quando faz um enriquecido homem do crime.
Ninguém fica o mesmo depois que a verdade vem à tona. A transformação é evidente no caso dessa família. O final tem a ver com a simplicidade que se falava no início. Não há enfeites, apenas a vida de volta transformada. Fica claro que um novo e difícil período se inicia, onde as coisas precisam começar do zero.

Título original: A History of Violence/ Direção: David Cronenberg/ Roteiro: Josh Olson, baseado em graphic novel de John Wagner e Vince Locke/ Elenco: Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt.

Friday, January 26, 2007

Considerações sobre "Perfume"

Quando li "Perfume - A História de um Assassino" do alemão Patrick Süskind fiquei extasiado. Lembro que levei comigo por acaso para a faculdade e comecei a ler também casualmente na fila da biblioteca. Juro que não parei enquanto não terminei o livro hipnotizado e apaixonado que fiquei pela história. É incrível, original, poética cujo mérito maior está no talento genial de Süskind que alterna cinismo, um certo tom amoral e uma capacidade surpreendente para prender a atenção do leitor com descrições e mais descrições, numa fábula muito bem escrita e conduzida. Você termina a leitura e mal acredita no que leu. Eu não sei se aconteceu com todo mundo, mas eu fiquei besta, besta.
É por isso que estou preocupado com o filme que está em cartaz nos cinemas. Tenho vontade de ver, mas me preocupo com a destruição de uma obra tão bela e tão inquietante. As críticas que li não são nada alentadoras. Até mesmo quem diz que gostou do filme, como Luis Carlos Merten, diz que gostou pelos defeitos. Tenho medo de ver "Perfume...". Não me atrevi a ver "Olga", filme brasileiro baseado no livro fantástico de Fernando Moraes. Os motivos são semelhantes. Primeiro que foi uma sacanagem não ter dado o papel a Patrícia Pilar que quis tanto viver a mulher de Prestes no cinema - e, aqui pra nós, é uma atriz de verdade, não a mosca morta chamada Camila Morgado (me perdoem os fãs, não é nada pessoal).
O autor de "Perfume..." resistiu bastante antes de vender os direitos do filme. Há algum tempo, disse autorizar a filmagem caso Stanley Kubrick fosse o realizador. O diretor de "De Olhos Bem Fechados" realmente se interessou pelo projeto, mas fala-se que não se achou capaz de transpor a atmosfera do livro para as telonas como merecia a obra. Num Stanley Kubrick dá pra confiar de olhos fechados. Mas não se pode dizer o mesmo de um aventureiro qualquer (mesmo que Tim Tykwer tenha no currículo um filme tão legal quanto "Corra Lola, Corra").
Ainda estou pensando. Mas talvez eu não assista "Perfume..." nunca. Se for para ver um filme ruim que vai me impedir de reler o livro com a cabeça livre das suas imagens, prefiro passar o resto da vida relendo o livro e imaginando o filme que eu quiser.

Estréias 26/1

A Grande Família - O Filme, de Maurício Farias.
A Promessa, de Kaige Chen.
Apocalypto, de Mel Gibson.
O Papel da Sua Vida, de François Favrat.
Perfume: A História de Um Assassino, de Tom Tykwer.

Quero ver Apocalypto e (com muito receio) Perfume: A História de Um Assassino.

Nos cinemas de Salvador, em 26 de janeiro.

Thursday, January 25, 2007

Mais Estranho que a Ficção (2006)

"Não há nada melhor do que uma combinação de boas idéias com boas piadas." A declaração da atriz Emma Thompson, que interpreta a escritora Karen Eiffel no filme "Mais Estranho que a Ficção" (Stranger than Fiction, 2006) dá bem a dimensão do que o filme de fato é.
Não se trata de um filme arrebatador nem de uma projeto absolutamente novo. Outros filmes trataram de uma história dentro de outra e de um enredo onde personagens da realidade e da ficção se trombam, permitindo um questionamento de um mundo e de outro.
Enquanto assitia ao filme, eu pensava que se trata de uma história para as platéias, mas é também um experimento com alguma ousadia. Nem tanto pesado ou alternativo, nem tanto previsível. É uma comédia que usa de uma boa idéia, uma boa "sacada" alguém dirá, e que luta para dar um desfecho à altura dessa boa idéia que a gerou.
E vamos admitir que a idéia em que este filme se baseia é fabulosa, porque simples e original, e entretanto o desfecho não chega tão alto (embora também não chegue a se configurar numa decepção).
A trama é a seguinte. Harold Crick (Will Ferrell) é um funcionário da Secretaria de Fazenda, um fiscal do imposto de renda, que tem uma vida banal e absolutamente cronometrada.
Ele conta a quantidade exata de vezes que escova cada dente, tem horário certo para o café, e segue a sua vida solitária sem ambições. Até o belo dia em que ouve claramente uma voz narrando todos os acontecimentos de sua vida, incluindo o que vai no seu pensamento.
Em outro ponto da cidade está a dona da voz, a escritora Karen Eiffel, conhecida por sempre matar o seu herói no final do livro. A questão é que desta vez o herói é Harold, uma pessoa de carne e osso, que ouvindo essa narradora toma conhecimento de que sua morte é iminente.
É claro que ele vai tentar fazer o possível para evitar a morte e aí sua vida dá uma guinada. "O que você seria capaz de fazer se soubesse que sua morte está próxima" - este é um dos pilares do filme, embora secundário. E a partir daí, a vida de Harold vira de ponta cabeça.
No percurso, ele conhece o professor de literatura Jules Hilbert (Dustin Hoffman) que o convence de que ele deve mudar a vida para que o seu livro se torne uma comédia - quando ao invés de morrer no final, ele se casa e é feliz para sempre.
Embora Will Ferrell seja um reconhecido comediante, o humor aqui fica mais reservado ao personagem de Hoffman ou às próprias situações um tanto vexatórias em que o fiscal do imposto se mete para tentar conquistar o coração de uma radical (mas tenra) dona de uma confeitaria, a Ana Pascal (Maggie Gyllenhaal).
Há quem tenha nomeado o filme de tragicomédia para citar termos usados no próprio filme, em uma cena em especial. E o filme, embora se incline para o lado da comédia, apresenta um drama humano de um cara simples, cujo único desejo é evitar sua morte que parece cada vez mais próxima. Um encontro entre criador e criatura, personagem e autora é inevitável. E a forma como isso acontece é um dos momentos mais inspirados e interessantes do longa.
A narrativa é linear e crescente, aumentando a tensão enquanto nos faz imaginar de que maneira a autora vai assassinar seu herói. E se vendo com bloqueio criativo, a escritora sai à rua com uma assistente imposta pela sua editora (Queen Latifah) à busca de inspiração (afinal, o livro tem prazo).
A melhor coisa do filme é o personagem que nos dá Will Ferrell. Propositadamente banal e comum, Harold é o mais tridimensional dos personagens em cena e o que mais fácil conquista as simpatias do público, embora seja burocrático e correto de dar nos nervos.
A doceira Ana Pascal que faz o seu par romântico, vivida por Gyllenhaal, proporciona momentos bem bonitos ao lado de Ferrell. O interesse pela doceira é um dos pontos de distensão em relação ao drama da morte iminente e quase o ofusca.
E há outros tantos desses momentos que à mesma hora que distensionam o tema principal, permitem as condições para que ele sempre volte ao centro. As conversas entre o professor e Harold são alguns desses momentos.
Não há como não rir neste filme, mesmo diante das situações mais dramáticas. Aliás, o roteiro é feito para que assim seja. E temos a sensação de leveza, comédia leve e inteligente, o tempo todo. A montagem é rápida e embora tenha lido alguns críticos reclamando do ritmo, tudo flue sem problemas.
As imagens antecipadas do garoto e sua mãe que só vão ter de fato uma função no desfecho, parecem desnecessárias. Como parece desnecessária a cena do trator que demole parte do apartamento de Harold "por engano".
Ficamos sabendo que o objetivo foi mostrar que Harold não controla seu destino. Certamente, há formas menos "fantásticas" de se fazer isso. A cena parece uma escapulida do percurso clean e sem enfeites em que o filme vinha caminhando.
Por fim, é um longa-metragem com qualidades acima da média cujo maior mérito é se apoiar em uma boa idéia e conseguir desenvolvê-la, mantendo o bom nível.

Título original: Stranger than Fiction/ Direção: Marc Foster/ Roteiro: Zach Helm/ Elenco: Will Ferrell, Emma Thompson, Maggie Gyllenhaal, Dustin Hoffman, Queen Latifah.

Wednesday, January 24, 2007

Dica

Muito bacana esse texto do Bruno Andrade, sobre os diretores Michael Mann e Martin Scorsese, postado no blog "Canto do Inácio", do crítico da Folha de S.Paulo Inácio Araújo.

Tuesday, January 23, 2007

Meus preferidos do cinema brasileiro

Há um mundo de filmes brasileiros ruins e um outro de bons filmes. Tenho os meus eleitos do coração, como "Deus e o Diabo na Terra do Sol", "Toda Nudez Será Castigada" e "Os Saltimbancos Trapalhões". Tenho também as minhas decepções (filmes com os quais eu criava alguma expectativa e não deram em nada) como "Memórias Póstumas", "Garrincha, Estrela Solitária" e "Cazuza - O Tempo Não Pára". Para não me estender muito, fiz uma listinha com dez nomes selecionados e mais cinco menções honrosas. O critério foi o gosto pessoal e só inclui produções recentes (filmes que me fizeram a cabeça nos últimos anos). Alguns filmes datam de 2000 ou 2001, mas a maioria eu vi mesmo nos últimos dois anos. Vamos à lista.

Os dez mais legais, por ordem: 1. Cidade de Deus (2002) - Como acho que aconteceu com a maioria, esse filme me deu um nó na cabeça e um aperto no coração quando vi a primeira vez. É um show de bola do cinema atual, merecedor de toda zoada que provocou aqui e no mundo inteiro. 2. O Homem que Copiava (2002) - Lírico, lindo. Este filme é um brinquedo que faz a gente gostar imediatamente. Lázaro Ramos ainda não era tão conhecido, mas já tinha provado talento. Leandra Leal está bela e cativante. Pedro Cardoso, mesmo se repetindo, está muito bem. Até a Luana Piovani está boa neste longa incrível, com um roteiro e uma montagem dignos de prêmios internacionais. 3. Cidade Baixa (2005) - Adoro este filme com esse trio talentoso - Lázaro Ramos, Wagner Moura e Alice Braga. Mesmo se a história não fosse bem escrita e o filme pulsante até o fim, já valia pela belas imagens da cidade baixa de Salvador. 4. Madame Satã (2002) - Fiquei meio tonto com a crueza deste filme. É o tipo de filme intestino que mexe com o espectador desde o primeiro momento, mas é bom demais. Lázaro (de novo) dá show. 5. O prisioneiro da Grade de Ferro (2003) - Vi em casa e gostei muito da idéia e do resultado de um filme feito dentro do presídio e com os presos conduzindo tudo. Trata de uma realidade difícil, mas tudo se encaminha bem. Bom trabalho de documentarista, edição show de bola. 6. Domésticas - O Filme (2001) - Fiquei fã de Fernando Meireles assim que vi esta comédia cheia de bons atores e situações hilárias. Conta a vida de um grupo de domésticas de uma forma tão legal que não há como não ter sentimentos pelos personagens ali apresentados. 7. Carandiru (2002) - Um filme gradioso e lindo. Cheio de boas interpretações, histórias bem contadas e a cena que não me saía da cabeça depois que vi: a invasão do presídio pela polícia. Pra mim uma das melhores seqüências de ação do nosso cinema. 8. O Auto da Compadecida (2000) - Pode se falar o que quiser, vou sempre achar esse filme maravilhoso. Tudo bem que ele nasceu como produto da TV, tudo bem que foi prejudicado com a montagem e redução para o cinema. Pouco importa, o filme como a minissérie é pra mim um tesouro. 9. Lisbela e o Prisioneiro (2003) - É um filme que repete o êxito do especial de TV, que tinha Diogo Vilela e Giulia Gam nos papéis principais. O filme é lírico e engraçado, oferecendo cenas de aventura, suspense e drama numa brincadeira muito divertida com um elenco excelente: Selton Mello, Débora Falabella, Marco Nanini, Bruno Garcia e Virgínia Cavendish. Todos ótimos. 10. Meu Tio Matou um Cara (2005) - Mais uma bola dentro do Lázaro Ramos, uma trilha sonora bacana dirigida pelo mano Caetano, uma história policial bem feitinha, num filme despretensioso feito para jovens que interessa a qualquer indivíduo. Tudo é divertido, até uma participação de Débora Secco fazendo uma gostosona.

Menção honrosa: 1. O Invasor (2001) - Uma ótima surpresa com Mariana Ximenes e um surpreendente Paulo Miklos na pele de um vilão. 2. Dois Perdidos Numa Noite Suja (2002) - Um filme não tão maravilhoso, mas interessante, cujo maior mérito é de uma versátil e talentosa Débora Falabella, num dos seus primeiros papéis no cinema. 3. O Coronel e o Lobisomem (2005) - Mantém o bom nível da grife Guel Arraes, apresenta uma interpretação inspirada de Diogo Vilela e, de quebra, tem a lindeza chamada Ana Paula Arósio. 4. Os Normais - O Filme (2003) - Puro escracho, eleva a dose de politicamente incorreto que tinha na série televisiva e multiplica o humor por dez. Ótimo. 5. Bossa Nova (2000) - É um filme que parece uma canção de amor ao Rio de Janeiro. Falado em duas línguas, diverte e apresenta uma interpretação bacana do galã Antônio Fagundes.

Jolie, Gyllenhaal

Leandra Leal, aquela atriz jovem que fez uns filmes bem legais (tipo "O Homem que Copiava" e "A Ostra e o Vento") diz que "casaria com a Angelina Jolie". Eu não. Acho a Jolie bem bonita e sexy, boa atriz e deslumbrante em alguns filmes ("Sr. e Sra. Smith", "O Colecionador de Ossos" e "Garota, Interrompida"), mas péssima atriz em outros, que nem a beleza ajuda (alguém aí pensou em "Tomb Raider" e "Alexandre"?). Agora, eu casaria sem pensar duas vezes com a Maggie Gyllenhaal ("Secretária", "As Torres Gêmeas"). Linda e tudo de bom.

Monday, January 22, 2007

Casanova

O longa "Casanova" traz um Heath Ledger ("O Segredo de Brokeback Mountain") em papel de galã que traça todas em Veneza de um período em que a igreja católica mandava enforcar os pecadores. Casanova é o alvo preferencial da igreja que manda à cidade um bispo implacável (Jeremy Irons) com a missão de dar jeito ao local. É uma comédia disfarçada de romance, onde o grande sedutor Casanova se defronta com uma mulher moderna (Sienna Miller) que escreve livros sob pseudônimo para atacar a mulher-objeto e aproveitadores como Casanova. Quando a encontra, ele apaixona-se e quer conquistá-la de qualquer maneira. É um filme sem grande pretensões, que diverte enquanto está sendo exibido para logo depois ser esquecido. Ledger mostra versatilidade com um papel mais leve depois de mostrar que sabe fazer drama muito bem.

Título Original: Casanova/ Direção: Lasse Hallström/ Elenco: Heath Ledger, Sienna Miller, Jeremy Irons.

Friday, January 19, 2007

Sem Notícias de Deus

Quando se assiste a filmes como "Sem Notícias de Deus" é fácil entender como o caminho do entretenimento no cinema não precisa passar por grandes cifras nem roteiros mirabolantes. O cinemão ainda tem muito que aprender com os bons contadores de história. E, sem dúvida, o espanhol Agustín Díaz Yanes (que assina roteiro e direção) mostrou talento com este longa. Yanes reúne as estrelas Penélope Cruz ("Volver"), Vitória Abril ("Entre as Pernas") e Gael Garcia Bernal ("Diários de Motocicleta"), e ainda uma participação afetiva de Javier Bardem ("Mar Adentro"), para tratar de céu e inferno. Na história, céu e inferno enviam anjos para disputar a alma do ex-boxeador Manny (Demián Bichir), homem angustiado que pensa em suicídio. A enviada do céu (Abril) é a ex-mulher de Manny cuja missão é evitar que ele volte ao boxe e ao mesmo tempo precisa reaproximá-lo de sua mãe. O personagem de Penelope Cruz vai fazer o que pode para atrapalhar os planos da rival e persuadir Manny a voltar ao boxe, mesmo que isso o leve à morte. No meio do caminho, a gente conhece o céu, um lugar em preto e branco, tão elegante quanto uma cidade francesa, onde as pessoas parecem viver felizes. O problema do céu é que está cada vez mais difícil a chegada de almas que chegam por mérito próprio. O inferno, ao contrário, está cheio, aparece em tons de vermelho, mas está a beira de se armar um golpe para derrubar a atual direção encarnada no personagem de Gael Garcia Bernal. É curiosa a relação que começa a se estabelecer entre os dois anjos enviados (Cruz e Abril). Em certo momento, eles se unem para se ajudar. Vitória Abril, pra variar, nos entrega um personagem rico e cheio de nuances. Penélope Cruz está linda e exuberante na pele de um anjo do inferno que gosta de mulher. Acho Gael Garcia Bernal sempre bom quando faz coadjuvantes (mais que seus papéis de protagonista - exceção honrosa para "Amores Brutos"). Este é um dos casos. O filme é interessante e cheio de piadinhas sobre céu e inferno. A própria premissa do filme já é divertida. Não se tem notícias de Deus porque ele parece estar cansado de tudo e resolveu sumir. Algumas pessoas podem estranhar, mas o filme é diversão do começo ao fim.

Título Original: Sin Noticias de Dios/ Direção: Agustín Díaz Yanes/ Elenco: Victoria Abril, Penélope Cruz e Gael García Bernal.

Estréias 19/1

Alex Rider Contra o Tempo, de Geoffrey Sax.
Amantes Constantes, de Philippe Garrel.
Babel, de Alejandro González Iñárritu.
Déjà Vu, de Tony Scott.
El Favor, de Pablo Sofovich.
O Mar Não Está Prá Peixe, de Howard E. Baker e John Fox.
Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'n'Roll, de Otto Guerra.

Quero ver: Babel, Déjà Vu e El Favor.

Nos cinemas de Salvador, em 19 de janeiro.

Wednesday, January 17, 2007

Poster



Adorei esses posters de Piratas do Caribe - No Fim do Mundo.

Dois é Bom, Três é Demais

Há uma combinação de motivos que justificam ver comédias românticas. Desde os motivos mais pessoais (cada qual puxe sua linha) até o fato de que há um notório esforço em se fazer coisas interessantes, inusitadas e charmosas por parte da indústria. Claro que muitas vezes a receita azeda. Entre os atrativos da comédia romântica "Dois é Bom, Três é Demais" (mais comédia que romance), está um elenco de nomes conhecidos que, vá lá, explica parte do interesse que desperta e convence a pagar o ingresso. É bom saber que, mesmo que se cave fundo, não há tesouros a encontrar por aqui. A história é simples. Carl (Matt Dillon, de "Crash - No Limite") e Molly (Kate Hudson, de "A Chave Mestra") são recém-casados e mesmo assim decidem hospedar por uns dias o amigo de infância de Carl, Dupree (Owen Wilson, de "Penetras Bons de Bico"). O tempo vai passando e eles não acreditam quando uma vida correta e em vias de progresso vira de ponta cabeça tão rapidamente, graças às peripécias do hóspede. Michael Douglas participa da história como o Sr. Thompson, o sogro que odeia Carl e faz o que pode para prejudicar seu casamento com a filha. Tudo conspira para que Carl tenha um surto, saia de casa, brigue com o amigo e vá até a empresa desafiar o sogro que também é o seu chefe. Claro que depois tudo será resolvido e as coisas se encaminham para o final feliz. O filme não traz novidades no tema nem no seu desenrolar. A direção parece burocrática, o que faria o filme terrível se não fossem os atores. Na verdade, Matt Dillon é uma das poucas coisas legais do filme, que tem ainda uma Kate Hudson simpática - e cujo talento me pareceu muito pouco explorado. Michael Douglas não compromete, mas também não é nada demais. E Wilson se empenha com seu personagem trapalhão, que entretanto não chega a empolgar.

Título original: You, Me and Dupree/ Direção: Anthony e Joe Russo/ Elenco: Owen Wilson, Kate Hudson, Matt Dillon

Tuesday, January 16, 2007

O Lenhador

O longa-metragem "O Lenhador" pertence à categoria de filmes que pertubam porque trata de um tema doloroso e moralmente complicado - pedofilia. A opção da então estreante Nicole Kassel (o filme é de 2004) por uma abordagem humana, onde o público tem grande chance de simpatizar com o protagonista não torna as coisas menos difíceis. Ter escolhido mal o elenco seria a maneira mais curta de errar. Mas Kassel acerta em cheio ao escalar Kevin Bacon ("Sobre Meninos e Lobos", "O Homem Sem Sombra"), que faz um ótimo trabalho, ao mesmo tempo contido e tenso, onde o silêncio fala mais que as palavras. Olhares e atitudes dele vão construindo um personagem que tem um passado pesado. O filme começa com a liberdade condicional de Walter (Bacon), após doze anos de detenção, condenado por pedofilia. Ele muda-se para uma cidade pequena, arruma um emprego e quer reconstruir a vida. Sua ligação com a família se dá por meio de um cunhado que o apóia, embora saiba de seu problema passado. A irmã o odeia e o rejeita por motivos que se pode advinhar no desenrolar da história, embora não sejam explicitados. Walter vive sozinho com seus fantasmas, mas conta com tratamento psicológico uma vez por semana e o apoio de uma namorada que se mostra disposta a ajudá-lo sem fazer julgamentos. "Vejo em você bondade", diz ela, mesmo sabendo do que Walter já foi capaz com meninas de 11 e 12 anos. Para vigiar a condicional de Walter, é escalado um policial ameaçador (Mos Def, ótimo) que fica na sua cola e mostra disposição para pegá-lo na primeira oportunidade. Duas questões me parecem que são colocadas. A da dificuldade de reintegração de um ex-detento é uma delas. A outra questão mais importante e que torna o filme tenso do início ao fim é o fato de que Walter pode recair a qualquer momento no crime que o condenou. É um fato que o atormenta o tempo todo, embora ele se mostre preocupado com tipos mal intencionados que rondam o colégio infantil perto de onde mora. O título "O Lenhador" (The Woodsman) se refere à fábula de Chapeuzinho Vermelho. O policial, que não esconde seu desprezo por Walter, lembra a ele que na história é o lenhador que por fim mata o lobo e salva a garota. É um filme ao mesmo tempo coerente, simples e difícil em certos momentos. O olhar da diretora está no drama de Walter, que parece tão vítima de seus desejos quanto uma criança indefesa. "Pra mim ser normal é olhar para uma menina, conversar, e não sentir as coisas", diz ao psicólogo. O filme dá tratamento humanizado ao que a sociedade trata como monstro. Essa reação aparece quando os colegas de trabalho descobrem o passado de Walter. A sua redenção está na namorada e no próprio desejo de viver em paz.

Título original: The Woodsman/ Direção: Nicole Kassel/ Elenco: Kevin Bacon, Mos Def, Kyra Seddwick.

Monday, January 15, 2007

O Novo Mundo

Não vi este filme no cinema por pura implicância com Colin Farrel, que acho um ator superestimado. Depois do trauma que foi ver "Alexandre", queria ficar um bom tempo sem ver a sua cara. Mas as coisas que fui lendo sobre "O Novo Mundo" pareciam me dizer que tínhamos aqui mais um filme de autor que propriamente uma supreprodução com muita ação e pouca história. Na verdade, neste filme do cultuado diretor Terrence Malik pouco se vê de ação como a gente está acostumado em Hollywood. São imagens que arrebatam desde os primeiros minutos. E apenas essa composição de imagens lindas de uma américa virgem costuradas à trilha impecável compõem as maiores atrações do filme. Alguém falou sobre ser um poema com imagens. É uma descrição apropriada. Malik usa bem a câmera e não tem pressa eem contar sua história. Um grupo de ingleses desembarca no novo mundo com o objetivo de iniciar ali a colonização. O pequeno grupo inicial tem muita dificuldade de se estabelecer e sofre o ataque e cerco dos habitantes dessas terras. O personagem de Farrel é designado para fazer contato com a tribo indígena e negociar a permanência dos ingleses. Mal-sucedido, o seu personagem seria assassinado se a filha do chefão indígena não intercedesse. A índia é vivida pela desconhecida Q'Orianka Kilcher, que faz uma jovem deslumbrante, de beleza selvagem (apesar dos cabelos, pele e dentes cuidados demais para uma selvagem). O chefe da tribo deixa o inglês viver porque quer que a filha aprenda sua língua e saiba mais sobre as intenções daqueles homens estranhos. Índia e estrangeiro se apaixonam e as coisas se complicam para os dois lados. O filme tem aspectos curiosos sobre esse início de colonização das novas terras e as dificuldades enfrentadas (a fome, por exemplo, vai ser um dos grandes problemas para os colonizadores). O diretor utiliza um recurso interessante quando alterna o narrador da história entre os três personagens principais - um deles aparece na segunda metade do filme, vivido pelo bom ator Christian Bale, que também se apaixona pela índia. É um filme para se assistir sem pressa e com atenção ao visual exuberante de rios, pôr-do-sol, árvores, campos enormes. A atriz Q'Orianka Kilcher convence na pele de uma selvagem apaixonada e leal. A história tem momentos conflituosos, mas o centro da preocupação do diretor parece ser mais o encontro entre os dois mundos, na perspectiva dos envolvidos. É um filme que não se esquece fácil.

Título original: The New World/ Direção: Terrence Malik/ Elenco: Colin Farrel, Q'Orianka Kilcher, Christian Bale.

Friday, January 12, 2007

Estréias 12/1

A Traição, de Philippe Faucon
Lemming - Instinto Animal, de Dominik Moll
O Pequeno Narigudo, de Ilya Maksimov
Roma, Um Nome de Mulher, de Adolfo Aristarain
Mais Estranho que a Ficção, de Marc Foster
Uma Noite no Museu, de Shawn Levy

Quero muito ver: Mais Estranho que a Ficção e Uma Noite no Museu.

Tuesday, January 09, 2007

Ford e Wayne

Onde quer que eu esteja, ouço falar de John Ford e de John Wayne. Sei pouco de seus filmes, não mais que são diretor e ator de muita popularidade, especialmente quando se trata do gênero western.

Escola do Rock

Tudo é legal e tudo funciona a contento nesta comédia musical que é uma ode ao rock and roll. O filme é um veículo para o excelente ator Jack Black ("King Kong", "O Amor é Cego") mostrar até onde pode ir. Black é Dewey, um show-man durante todo o filme, engraçado, aficcionado por sua música e por si mesmo, malandro e apaixonante como um cantor de rock que não consegue dar certo. Expulso da própria banda pelos seus atos de estrelismo, Dewey encontra a possibilidade de ganhar algum dinheiro se fazendo passar pelo amigo certinho que divide a casa com ele e o sustenta. Esse amigo é interpretado por Mike White (que escreveu o roteiro sob medida para Jack Black). Uma vez que Dewey/Black consegue se fingir de professor, descobre uma turma de ótimos músicos que ele obviamente vai converter ao rock e formar uma banda divertida e cheia de talentos mirins. A história do professor que desafia o sistema e causa mudanças profundas nas pessoas e em si mesmo não é nova. Menos ainda a história de garotos que mostram talento e surpreendem os adultos com ações espetaculares. O bacana neste filme de Richard Linklater ("Antes do Pôr do Sol"/ "Antes do Amanhecer") é a maneira honesta como incorpora esses elementos e os apresenta com graça e, algumas vezes, cinismo. Há diversas piadas e homenagens com astros, bandas e com a indústria da música. Tudo é muito suave e espontâneo como a atuação do elenco mirin de ótimos músicos/atores que cantam e tocam de verdade. O final é engraçado e diferente com a banda tocando e improvisando solos enquanto o letreiro está subindo.

Título original: School of rock/ Direção: Richard Linklater/ Elenco: Jack Black, Mike White, Joan Cusack.

Monday, January 08, 2007

Transamérica

Tem filmes que valem por vários aspectos. Às vezes uma fotografia arrebatadora numa história que não decepcione é o suficiente. Outras vezes uma única cena bem feita vale por um filme inteiro irregular. Há casos onde um personagem te pega pelo pé por causa da maneira magistral como o ator/atriz constrói a coisa. "Transámérica" é um caso bem assim. Não que o filme não tenha qualidades, têm, muitas. Mas o ponto principal, o motivo de ver até o último minuto é a apaixonante personagem criada pela atriz Felicity Huffman. A diretora e roterista Duncan Tucker mostrou ousadia ao escalar uma mulher para viver um personagem que é biologicamente um homem. Mas, pensando bem, não poderia haver escolha mais natural. A personagem de Felicity é Bree, uma transexual elegante e sensível, prestes a realizar uma mais que esperada cirurgia de mudança de sexo. Até que recebe um telefonema e descobre que tem um filho de 17 anos. Como só pensa na cirurgia, Bree bem que tenta ignorar a notícia do filho até que é forçada a encontrar-se com o garoto. Daí o filme torna-se um road-movie (filmes que se passam ao longo de uma viagem), com momentos hilários e outros comoventes que conduzem ao aprofundamento da relação entre pai e filho (ou mãe e filho). O garoto não é nada bobo, é usuário de cocaína, pratica pequenos furtos e não se importa em se prostituir para conseguir algum dinheiro. Mas apesar dessa casca, demonstra ser uma pessoa doce, cativante e carente. Sem estereótipo e menos ainda a defesa de uma causa, o filme centra o foco na descoberta de uma paternidade tardia, na descoberta de sentimentos incômodos e em como a vida pode surpreender e mudar tudo de lugar de uma hora para outra.

Título original: Transamerica/ Direção: Duncan Tucker/ Elenco: Felicity Huffman, Kevin Zegers, Elizabeth Peña.

Friday, January 05, 2007

Estréias 5/1

Diamante de Sangue, de Edward Zwick.
O Dono da Festa 2, de Mort Nathan.
A Menina e o Porquinho, de Gary Winick.
Pintar ou Fazer Amor?, de Arnaud e Jean-Marie.

Quero muito ver: "Diamante de Sangue" e "Pintar ou Fazer Amor?".