Friday, March 16, 2007

Soldado Anônimo

Falamos de um filme de guerra e agora temos outro. "Soldado Anônimo" de sam Mendes (de "Beleza Americana") nada tem a ver com a proposta de John Woo em "Códigos de Guerra", objeto do comentário abaixo. Este se leva a sério demais e produz um filme arrastado e sem brilho. Aquele é cheio de gracinha, embora seja também arrastado pela própria temática - o tédio, a espera.
Dizer que "Soldado Anônimo" tem como tema o tédio é meia-verdade. O longa mostra um grupo de soldados que nada fazem de especial em mais de duzendos dias de espera para participar do conflito no Golfo, na época da invasão do Kuait pelo Iraque do então ditador Saddam Hussein.
Somos conduzidos para acompanhar a trajetória deste grupo pelas mãos do soldado Swofford (Jake Gyllenhaal) que diverte desde sua chegada ao exército, suas saudades da sexy namorada e sua dificuldade de lidar com a espera para entrar na guerra. Há momentos mais divertidos que outros e embora o contexto seja o do conflito, o que Mendes foca é o dia-a-dia dos soldados no deserto, o calor abrasante, o treinamento ininterrupto e poucos momentos em contato com o combate propriamente dito.
Por isso sobram especulações sobre o que fazem as namoradas e esposas que ficaram para trás. E o conflito dentro do grupo, a partir da difícil espera, se instala. Gyllenhaal está muito bem, quieto e companheiro, transmite toda sua ansiosidade e desejo de acabar logo com aquilo e voltar para casa. Há os diferentes tipos de soldados e um sargento durão (Jame Foxx). Pouca coisa muda a rotina da equipe como uma entrevista para TV americana, quando o filme toma um tom de documentário com os soldados falando de sua rotina.
Piadinhas e referência ao sexo são uma constante, mas aparecem apenas para reforçar sua ausência e a falta que faz aos heróis. Mendes mostra a chateação por que passa a equipe bem como a falta de um motivo real para todos estarem ali uma vez que o aparato bélico americano dá conta do recado sem que atiradores de elite precisem mostrar o resultado de seu rigoroso treinamento.
Mendes desvia de focar motivações políticas ou o sentido da guerra. As tropas que aguardam não escapam do perigo representado pelo próprio arsenal dos aliados. É um filme interessante pelo recorte, embora soe ao espectador que lhe falta algo. A guerra começa e termina sem que os soldados mostrados durante todo o tempo tenham podido disparar suas armas. É tudo muito vazio como o imenso deserto.

Título original: Jarhead/ Direção: Sam Mendes/ Roteiro: William Broyles Jr., baseado em livro de Anthony Swofford/ Elenco: Jake Gyllenhaal, Peter Sarsgaard, Jamie Foxx.

Nota: 6.

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