Wednesday, February 14, 2007

Matheus Nachtergaele

Matheus Nachtergaele está na minissérie da TV Globo que eu não vejo "Amazônia, de Gálvez a Chico Mendes". Ele é um dos atores mais multifacetados da sua geração. E um dos mais chatos. Pode parecer implicância, mas depois que surgiu bem nos primeiros papéis no cinema e na TV, algo estranho vem ocorrendo. Matheus se repete infinitamente, irritantemente. Quem viu um ou dois papéis seus pode esperar as mesmas caretas nos outros papéis todos, a mesma falsa grandiloqüência, a apararente grande arte que está mais para maquiagem e muleta. Até gosto de papéis que ele representou em momentos distintos do seu início de carreira. O homossexual desaforado da minissérie "Hilda Furação" é um momento inspirado. E não há como não gostar dele em "Cidade de Deus" (embora seja o menos interessante entre todos aqueles atores inexperientes que dão show). Sua carreira é irregular. Onde pode ter mais tempo para construir um personagem, como nos trabalhos para o cinema e para as séries especiais, algo acontece, mas, salvo exceções, não se espere nada genial. Nas telenovelas é responsável por personagens canastrões e caricaturais que querem fazer rir pelo ridículo. Basta ver o Pai Helinho de "Da Cor do Pecado" e Carreirinha da novela "América". Matheus Nachtergaele é daqueles atores superestimados que as pessoas se acostumaram a dizer que é bom ator. É o caso da fama que precede o cidadão. Tem atores que passam a vida repetindo os tiques que construiu e não saem disso. Mesmo nessa categoria podem ser bons ou maus atores. Mas nem todo mundo é Jack Nicholson que pode se dar ao luxo de repetir o mesmo tipo de sempre e ser genial. Uma certa vez entrevistei ele (Matheus, não Jack Nicholson) para o jornal A Tarde, durante uma leitura dramática, no teatro Vila Velha, em Salvador. Ele me pareceu uma figura inquieta, cheio de projetos, pensando em dirigir, na época escrevia algumas críticas de teatro para a Folha de S. Paulo, e pensava em um projeto seu. Ele estava divulgando o filme "Amarelo Manga" que iria estrear em circuito comercial dali há alguns meses. O filme já fazia sucesso de crítica em alguns festivais. Estreado, o filme não fez muitos espectadores. Assisti Amarelo Manga com pouquíssima paciência, porque o filme que me pareceu tedioso e com vontade de ser algo grande que não era. Mateus especialmente faz um homossexual que ele mesmo definiu como "uma bichinha ordinária". O filme como Matheus só me desagradaram, embora seja fã de alguns nomes do elenco como Jonas Bloch, Dira Paes e Chico Diaz (e fiquei fascinado com uma desconhecida Leona Cavalli que me pareceu maravilhosa - a melhor coisa do longa). Matheus é um jovem ator e pode se apegar a algum sucesso que já fez e virar o maior imitador de si mesmo, para sempre. Ou pode ter coragem para atuar de verdade. Acreditando que em arte como em tudo na vida, menos é sempre mais, se fosse para dar um conselho a ele, eu diria: "Menos, cara, menos". Bons exemplos da sua própria geração não faltam. Basta olhar para o lado. Não é mesmo, Lázaro, Wagner, Vladimir, Lúcio, Selton, Bruno?

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