Tuesday, April 24, 2007

Adrenalina

À primeira vista, o filme "Adrenalina" parece um longa de ação como qualquer outro. Divertido e cheio de tiros e perseguições ele é. Tem o herói, que não é tão bonzinho assim, os vilões malvadões de sempre, e um linda, jovem e deliciosa mocinha em perigo.
O herói da trama é um assassino profissional que está apaixonado e decidido a largar tudo por amor. Mas ele é envenenado por uma potente droga oriental que pode matá-lo em uma hora. Esse é o início do filme. O herói é Chev Chelios, vivido pelo ator de ação do momento, Jason Statham, e a mocinha, Eve, é interpretada pela beldade Amy Smart, que nunca esteve tão sexy e divertida.
Revoltado, Chelios sai em busca dos caras que o envenenaram. O filme é essa busca dele. No percurso, ele descobre que quanto mais o seu corpo produz adrenalina, mas ele bloqueia o efeito da droga. Então tome-lhe correria, morte, porrada, alta velocidade, carro invadindo shopping, polícia no encalço, e muito mais. Tudo que possa mantê-lo acordado e em alta.
Se não se exigir muito de si mesmo e do filme, é possível se divertir muito. Porque o filme é um dos melhores passatempos dentro do seu estilo. As canções são muito apropriadas e ajudam ao clima frenético. Coisas impensáveis como uma transa no meio da rua sob os olhos curiosos de uma multidão estão no leque de absurdos que não teriam lugar em outro canto senão na ficção bem feita e despudorada.
Taí, "Adrenalina" é uma ficção bacana, engraçada e inteligente. Superior aos seus pares de filmes de explosão, tiroteio, exposição de bíceps e mais nada.

Título original: Crank/ Direção e roteiro: Mark Neveldine, Brian Taylor/ Elenco: Jason Statham, Amy Smart, Efren Ramirez.

Nota: 6/10.

Monday, April 16, 2007

O Diabo Veste Prada

Não há como não se divertir muito com "O Diabo Veste Prada", adaptação feita pelo diretor David Frankel do romance de Lauren Weisberger. No filme, Lauren é Andy (Anne Hathaway) e sua chefe infernal, mas charmosíssima, é Miranda Priestley (Meryl Streep).
Já se disse bastante que Meryl rouba a cena e nos oferece uma das atuações mais saborosas do cinema, como uma implacável toda poderosa da revista Runway, que no filme é a bíblia da moda para o mercado americano e ocidental.
O ritmo é de comédia romântica, mas o filme fala mais alto aos mecanismos do mundo da moda e ao ambiente frenético de trabalho das grandes empresas.
Adorável e cativante está a atriz Anne Hathaway que faz a personagem sobre quem o filme conta. Inicialmente seu personagem não se importa tanto com o vestuário e menos ainda com dietas suicidas que demonizam carboidrato.
Aos poucos, a necessidade de manter seu trabalho de assistente da poderosa editora a faz repensar e ela começa uma mudança. Não me parece que ela aderiu ao mundo que antes renegava. Menos ainda que perdeu a personalidade cedendo ao mundo vazio das mulheres lindas e magras.
A impressão maior é que ela conseguiu passar muito bem por um mundo terrível, no qual, inicialmente, nada indicava que teria perfil para vencer.
Essa surpresa é bacana, principalmente porque não foi mostrado como superação piegas de desafio. Any era inteligente e esperta no início e se adaptou agradavelmente àquele habitat.
Os modelitos são de encher os olhos, mais mas importante é o ritmo e o roteiro bem costurado e envolvente.
Hora nenhuma o filme cai, com pequenas surpresas aqui e ali que só dá mais vontade de vê-lo. Uma dessas boas supresas é uma pequena mas bacana participação de Gisele Bündchen, bem à vontade.
A trilha sonora é deliciosa. A cena inicial quando Miranda chega à revista é hilária e diz tudo que é preciso saber sobre o filme: diversão certa.

Título original: The Devil Wears Prada/ Direção: David Frankel/ Roteiro: Aline Brosh McKenna baseado em livro de Lauren Weisberger/ Com: Meryl Streep, Anne Hathaway, Stanley Tucci, Adrian Grenier e Simon Baker.

Nota: 7/10.

Wednesday, April 04, 2007

300

Não é que "300", direção de Zack Snyder baseado em graphic novel de Frank Miller, seja um filme ruim. Mas bom ele não é. Fui ver o longa com um certo entusiasmo, pelo menos pelas cenas de batalha que ocupam quase a totalidade do filme.
Essas cenas são bonitas, a atuação de Gerard Butler, o Rei Leônidas, é muito boa (a melhor atuação do filme junto com a de Lena Headey, que faz a Rainha Gorgo) e há uma fotografia esquisita mais muito estilosa que ajuda a compor esse imaginário que os quadrinhos transmitem tão bem.
Seria de bom tom falar bem de Rodrigo Santoro, mas a verdade é que seu Xerxes é bem pouco interessante com seus trejeitos femininos e seus badulaques. O truque que o deixa maior e a voz metálica para aproximá-lo do Xerxes original descrito nas histórias em quadrinho só pioram a sensação de artificialismo dele e de toda a película.
Há momentos bem vibrantes em 300. Há seqüências lindas como a do lobo que ameaça o jovem Leônidas, durante o seu treinamento no início. A coreografia dos soldados, as lutas, o movimento de multidão, a forma como o sangue jorra, tudo isso até tem graça. É um filme com muita testosterona. As piadinhas, o humor, do grupo central do filme, mesmo sob condições absolutamente desfavoráveis, é muito bom de ver.
No geral, um filme diferente e com um visual arrebatador. Mas a sensação que fica é a de um filme que não se quer ver duas vezes. Tem estilo. Mas é chato além da conta.

Título original: 300/ Direção: Zack Snyder/ Roteiro: Kurt Johnstad, Zach Snyder e Michael Gordon, baseado em graphic novel de Frank Miller e Lynn Varley/ Elenco: Gerard Butler, Lena Headey, Rodrigo Santoro.

Nota: 5/10.

Monday, April 02, 2007

O Bebê de Rosemary

Às vezes eu desconfio da minha capacidade hoje de me envolver completamente com um filme como acontecia no início da minha paixão pela sétima arte. Essa desconfiança desaparece quando eu resolvo visitar os clássicos.
"O Bebê de Rosemary" (1968), terror da melhor estirpe, do genial Roman Polanski, é um dos filmes mais intensos e bem acabados em termos de narrativa que vi nos últimos tempos.
O filme vai num crescente, sem pressa, até o final, que apesar dos sinais evidentes, consegue surpreender. Um final, diga-se, capaz de dividir as platéias que desejam sempre um trunfo do bem contra o mal e uma reviravolta provocada pela vítima a seu favor.
A vítima aqui, e protagonista, é Mia Farrow, jovem, bela e magérrima. Ela é esposa do personagem de John Cassavetes. Depois que o casal se muda para um prédio antigo e cheio de histórias, fazem amizade com os vizinhos, dois velhos que se mostram mais amigáveis do que o desejado.
Mais adiante, a jovem fica grávida e desconfia que pode ser vítima de um complô de bruxos (que pode ou não envolver seu próprio marido), para que ela dê à luz o filho do demônio.
O filme começa leve e romântico e vai ganhando intensidade até chegar ao ponto de causar calafrios aos mais corajosos. Tudo isso sem mostrar nada além de uma trama marcada por terror psicológico e atuações impressionantes de Mia, Cassavetes e dos atores Ruth Gordon e Sidney Blackmer, que interpretam o casal de velhos, os Castlevet.
É curioso perceber como um grande número de filmes que veio depois bebem neste clássico de Polanski. Para citar dois exemplos recentes, temos a comédia mediana "Duplex", que é uma clara homenagem ao filme, pelo lado da comédia, e o ótimo e sombrio "Água Negra", de Walter Sales.

Título Original: Rosemary's Baby/ Direção: Roman Polanski/ Roteiro: Roman Polanski, baseado em livro de Ira Levin/ Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon, Sidney Blackmer.

Nota: 9/10.