Monday, January 08, 2007

Transamérica

Tem filmes que valem por vários aspectos. Às vezes uma fotografia arrebatadora numa história que não decepcione é o suficiente. Outras vezes uma única cena bem feita vale por um filme inteiro irregular. Há casos onde um personagem te pega pelo pé por causa da maneira magistral como o ator/atriz constrói a coisa. "Transámérica" é um caso bem assim. Não que o filme não tenha qualidades, têm, muitas. Mas o ponto principal, o motivo de ver até o último minuto é a apaixonante personagem criada pela atriz Felicity Huffman. A diretora e roterista Duncan Tucker mostrou ousadia ao escalar uma mulher para viver um personagem que é biologicamente um homem. Mas, pensando bem, não poderia haver escolha mais natural. A personagem de Felicity é Bree, uma transexual elegante e sensível, prestes a realizar uma mais que esperada cirurgia de mudança de sexo. Até que recebe um telefonema e descobre que tem um filho de 17 anos. Como só pensa na cirurgia, Bree bem que tenta ignorar a notícia do filho até que é forçada a encontrar-se com o garoto. Daí o filme torna-se um road-movie (filmes que se passam ao longo de uma viagem), com momentos hilários e outros comoventes que conduzem ao aprofundamento da relação entre pai e filho (ou mãe e filho). O garoto não é nada bobo, é usuário de cocaína, pratica pequenos furtos e não se importa em se prostituir para conseguir algum dinheiro. Mas apesar dessa casca, demonstra ser uma pessoa doce, cativante e carente. Sem estereótipo e menos ainda a defesa de uma causa, o filme centra o foco na descoberta de uma paternidade tardia, na descoberta de sentimentos incômodos e em como a vida pode surpreender e mudar tudo de lugar de uma hora para outra.

Título original: Transamerica/ Direção: Duncan Tucker/ Elenco: Felicity Huffman, Kevin Zegers, Elizabeth Peña.

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