Friday, March 16, 2007

Dália Negra

Nem tem tanto tempo assim, eu revi na TV, por acaso, na madrugada, o ótimo "Dublê de Corpo", um dos clássicos de Brian De Palma. Foi pois com ainda alguma excitação que esperava para ver "Dália Negra", o mais novo filme desse que é um dos meus diretores prediletos.
Não gostei de "Dália Negra", embora achasse quase impossível antes de vê-lo. Eu pensava: como posso não gostar de um filme de De Palma, que homenageia o cinema noir (que adoro), com um elenco com nomes como Scarlett Johansson, Hilary Swank e Aaron Eckhart? E ainda por cima uma adaptação da obra de James Ellroy que já havia rendido o excelente "Los Angeles - Cidade Proibida"?
Pois achei a receita difícil de dar errado. Mas deu. Acho que um dos problemas está na escalação do protagonista vivido Josh Hartnett, que não é ator suficiente para segurar um papel desses. Há momentos bons com Hartnett na pele do ex-boxeador e policial que investiga o crime, mas na maior parte fica claro que não é ator suficiente para toda a complexidade e sutileza exigidas no papel.
O filme conta a história de um dos mais famosos crimes da Los Angeles do final dos anos 40, quando uma jovem foi assassinada de maneira brutal. Ela teve o corpo retalhado, seus órgãos retirados e o sangue drenado. Começa uma caçada ao assassino sob responsabilidade de dois policiais jovens e ex-boxeadores Lee Blanchard (Aaron Eckhart) e Bucky Bleichert (Hartnett).
Com o material que tinha nas mãos, parecia difícil fazer um filme sonolento, mas é o que acontece. Há tramas e subtramas que se entrecortam e nem sempre o foco está no assunto central - a investigação do crime - que tem potência para ser vibrante do começo ao fim. Mas não é isso que acontece.
No fim, as coisas melhoram muito com o desenrolar do caso cada vez mais perto. Mas até lá, é preciso paciência. O filme marca duas horas, mas parece ter três ou mais.
Como em todo projeto de De Palma, há sempre compensações que não deixam o caso totalmente perdido. A cena de tiroteio e morte na escadaria é deliciosa e um primor de cinema. Assim como a tão comentada movimentação de câmera num momento crucial quando somos apresentados à vítima de assassinato, à Dália Negra do título.
As atrizes Scarlett Johansson e Hilary Swank estão bem à sua maneira, mas parecem dar menos que o que se poderia esperar. Swank está elegante e fatal em seu papel. Johansson, sempre bela, às vezes parece artificial e deslocada.
O bom ator Aaron Eckhart é dezenas de vezes melhor que seu parceiro Hartnett em cena e consegue transmitir muito da ambigüidade e ar misterioso de seu personagem.
O orçamento alto de U$ 50 milhões aparece especialmente na arte e na reconstituição de época, muito bem feita. Nesse quesito, o filme é uma delícia para os olhos, em cenários, figurinos e fotografia.

Título original: The Black Dahlia/ Direção: Brian De Palma/ Roteiro: Josh Friedman, baseado em livro de James Ellroy/ Elenco: Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Aaron Eckhart e Hilary Swank.

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