Friday, February 02, 2007

Diamante de Sangue

"Diamante de Sangue" requer estômago do espectador. Desde o início, estamos diante de terríveis atrocidades cometidas contra homens crianças, velhos e mulheres indiscriminadamente. O combustível de toda a carnificina é o comércio de diamantes na África (precisamente em Serra Leoa) que financia a guerra civil do continente e faz os lucros de grandes empresas de pedras preciosas.
São vários os filmes em um e isso não favorece o longa de diretor Edward Zwick ("O Último Samurai"), mas também não o impede de ser um trabalho espetacular. Pela predominância de perigo a que são submetidos os protagonistas da trama, é fácil identificar um filme de ação (e as cenas de ação são mesmo soberbas, de tirar o fôlego).
Temos ainda um drama nitido que persegue um continente vitimado pela sanha criminosa de soldados das milícias e do governo, em embates no meio da rua a qualquer hora. Zwick centra a atenção numa família e num pai desesperado para reunir os seus. Essa é a linha que costura o filme de fora a fora e fica ainda mais clara quando passa a se tornar uma obsessão recuperar um filho pequeno das mãos de assassinos treinados.
Por outro lado, é uma aventura de corrida ao tesouro (um diamante valioso que está enterrado nas minas), há trechos de romance, movimentos de guerra e um contorno de filme humanitário e de denúncia. As pontas do filme de Zwick vão se encontrar em algum momento e não me parece que ele encontrou a melhor maneira de amarrar todas as pontas soltas.
Vamos ao enredo. Um pescador de uma comunidade africana, Solomon (vivido de forma brilhante por Djimon Hounson), sonha que seu filho mais velho torne-se doutor e o obriga a estudar. Ele vive também com a mulher e duas filhas pequenas. Um grupo de assassinos auto-denominados M.U.R seqüestram Solomon para trabalhar nas minas de diamante, numa das cenas mais empolgantes do filme - sua família consegue escapar. Uma vez nas minas, Solomon encontra um diamante raro que pode ser a senha para melhorar a sua vida e reaver sua família.
No meio do caminho, aparece o personagem Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um esperto contrabandista de armas e peça importante no comércio internacional de diamantes. Quando descobre que Solomon escondeu uma pedra rara, vê aí a oportunidade de mudar de vida e abandonar o continente.
Se junta à dupla a jornalista que persegue grandes histórias, Maddy Bowen (vivida por Jennifer Connelly). Ela vai ajudar Danny Archer em troca de valiosas informações para sua reportagem.
Embora Hounson seja o grande responsável pela intensidade e magnetismo deste filme (sua luta final nas minas é o ponto alto de uma construção irretocável), não há como negar o trabalho de alto nível que nos apresenta DiCaprio. Algumas cenas suas são fabulosas. Connely, sempre bonitinha, nem de longe acompanha o alto nível da dupla.
O filme vai perdendo força no trecho final, porque força a barra por um final feliz e redentor. Mas mesmo um final que não atende às expectativas não consegue estragar o conjunto. Não se pode deixar de dar o mérito a Zwick por trazer à tona de forma tão clara um tema espinhoso e vergonhoso (na linha de outros bons filmes que tem a África como tema). É um filme acima da média, com personagens bem desenhados, uma história bem contada, e cenas memoráveis.

Título Original: Blood Diamond/ Direção de Edward Zwick/ Roteiro: Charles Levitt, baseado em estória de Charles Levitt e C. Gaby Mitchell/ Elenco: Djimon Hounson, Leonardo DiCaprio e Jennifer Connelly.

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