Friday, January 26, 2007

Considerações sobre "Perfume"

Quando li "Perfume - A História de um Assassino" do alemão Patrick Süskind fiquei extasiado. Lembro que levei comigo por acaso para a faculdade e comecei a ler também casualmente na fila da biblioteca. Juro que não parei enquanto não terminei o livro hipnotizado e apaixonado que fiquei pela história. É incrível, original, poética cujo mérito maior está no talento genial de Süskind que alterna cinismo, um certo tom amoral e uma capacidade surpreendente para prender a atenção do leitor com descrições e mais descrições, numa fábula muito bem escrita e conduzida. Você termina a leitura e mal acredita no que leu. Eu não sei se aconteceu com todo mundo, mas eu fiquei besta, besta.
É por isso que estou preocupado com o filme que está em cartaz nos cinemas. Tenho vontade de ver, mas me preocupo com a destruição de uma obra tão bela e tão inquietante. As críticas que li não são nada alentadoras. Até mesmo quem diz que gostou do filme, como Luis Carlos Merten, diz que gostou pelos defeitos. Tenho medo de ver "Perfume...". Não me atrevi a ver "Olga", filme brasileiro baseado no livro fantástico de Fernando Moraes. Os motivos são semelhantes. Primeiro que foi uma sacanagem não ter dado o papel a Patrícia Pilar que quis tanto viver a mulher de Prestes no cinema - e, aqui pra nós, é uma atriz de verdade, não a mosca morta chamada Camila Morgado (me perdoem os fãs, não é nada pessoal).
O autor de "Perfume..." resistiu bastante antes de vender os direitos do filme. Há algum tempo, disse autorizar a filmagem caso Stanley Kubrick fosse o realizador. O diretor de "De Olhos Bem Fechados" realmente se interessou pelo projeto, mas fala-se que não se achou capaz de transpor a atmosfera do livro para as telonas como merecia a obra. Num Stanley Kubrick dá pra confiar de olhos fechados. Mas não se pode dizer o mesmo de um aventureiro qualquer (mesmo que Tim Tykwer tenha no currículo um filme tão legal quanto "Corra Lola, Corra").
Ainda estou pensando. Mas talvez eu não assista "Perfume..." nunca. Se for para ver um filme ruim que vai me impedir de reler o livro com a cabeça livre das suas imagens, prefiro passar o resto da vida relendo o livro e imaginando o filme que eu quiser.

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